Uma árbitra, Edina Alves Batista, e duas assistentes, Fabrini Bevilaqua Costa e Veridiana Contiliani Bisco, foram escaladas pela Federação Paulista de Futebol (FPF) para atuar no último jogo da fase de classificação do Paulistão Série A2 entre Oeste Barueri e Rio Claro, que aconteceu no dia 15 de maio.

Não é inédito que três mulheres atuem em jogos masculinos, mas muito raro. Na Arena Barueri é a primeira vez que ocorre. Como o universo do futebol é formado majoritariamente por homens, pergunta-se: como elas conseguem lidar com a pressão?

“Quem não suporta pressão tem que procurar outra atividade”, adverte Edina, que tem 41 anos e está desde os 20 na profissão. Em seu primeiro curso de arbitragem no Paraná havia apenas quatro mulheres entre 50 homens. “Sou a única que continua atuando”, conclui.

Elas advertem que a pressão no futebol feminino não é menor e que a falta de torcedores nas arquibancadas está sendo nociva: “Com a massa vibrando, nosso trabalho fica mais emocionante”, alerta Fabrini.

E quanto aos palavrões que o público vive dizendo ao trio de arbitragem: “Não ligamos, muito pelo contrário, ‘adotamos’ muitos torcedores durante as partidas”, brinca Veridiana.

Um pouco de história
A pioneira na arbitragem mundial é uma brasileira. Asaléa de Campos Fornero Medina, mais conhecida como Léa Campos, conseguiu se formar em 1967, mas só teve o diploma validado dois anos depois. Alegavam que as mulheres não tinham estrutura óssea para acompanhar as partidas. Ela se submeteu a um teste e provou o contrário.

Mesmo assim o presidente da CBD (Confederação Brasileira de Desportos), João Havelange, só deu o braço a torcer quando recebeu uma carta de próprio punho do general Médici. Léa apitava jogos do campeonato mineiro, mas num jogo entre Uruguai e Itália, realizado no México, tocaram também o Hino Nacional Brasileiro em sua homenagem. Ela mora com o marido nos Estados Unidos.

Preconceito
Pouca coisa mudou em relação ao preconceito. Muitos profissionais do futebol defendem que, “por correrem menos que os homens”, elas devam atuar somente no segmento feminino. As primeiras profissionais da arbitragem receberam ofensas de jogadores e até agressões físicas.

O número de mulheres interessadas em atuar aumenta a cada dia apesar de amigos e parentes desaconselharem. Depois de 14 anos afastadas dos campeonatos masculinos, uma mulher foi escolhida pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol) para apitar o jogo entre CSA X Goiás, no Estádio Rei Pelé, em Maceió, no dia 25/05/2019.

Adivinha quem foi a escolhida? A mesma que apitou uma final de Série D entre Manaus e Brusque e a única brasileira a integrar o quadro de árbitras no Mundial Feminino de 2019 na França e que apitou a semifinal entre Estados Unidos X Inglaterra: Edina Alves Batista, a melhor árbitra do Brasil.

Fonte: Secom – Prefeitura de Barueri