A festa junina onde o prefeito de Osasco, Rogério Lins (Podemos), e a mulher dele, a primeira-dama Aline Lins, e mais três pessoas foram queimados, na última sexta-feira (28), não tinha autorização do Corpo de Bombeiros para fazer a fogueira que explodiu e feriu as vítimas

“Não tínhamos informação sobre a presença de uma fogueira”, disse nesta segunda-feira (1º) o capitão Marcos Palumbo, porta-voz dos Bombeiros de São Paulo ao G1.

Segundo Palumbo, como os organizadores do evento beneficente Arraiá do Servidô, ao apresentarem o projeto inicial, não informaram que seria feita uma fogueira, a corporação cassou no sábado (29) o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) que havia autorizado a realização da festa na cidade da Grande São Paulo.

A Prefeitura de São Paulo informou que “ainda não recebeu qualquer notificação do Corpo de Bombeiros sobre a cassação do AVCB da festa junina”.

Rogério e Aline continuavam internados em estado estável nesta segunda no Hospital Antônio Giglio com queimaduras graves de 1º e 2º graus. Não há previsão de alta médica.

As demais vítimas, um homem, um fotógrafo e um cinegrafista, tiveram ferimentos leves e foram liberadas ainda na semana passada.

Foto mostra preparação da fogueira antes da explosão — Foto: Divulgação

Organizadora do evento

G1 não conseguiu localizar a Arena VIP, organizadora do evento para comentar o assunto nesta segunda.

No sábado, a empresa havia informado à TV Globo que a Prefeitura ajudou a organizar o evento indicando o responsável pela construção da fogueira.

A explosão na fogueira ocorreu na noite de sexta, quando o prefeito e sua esposa acenderam a fogueira com uma tocha. Pessoa que estavam na festa filmaram o acidente com celulares e compartilharam as imagens nas redes sociais.

No domingo (30) o G1 teve acesso a novas cenas que mostram o momento da explosão, além de um vídeo gravado pelo prefeito e enviado à reportagem

“O médico falou que tínhamos sido fruto de um grande milagre. Primeiro por não termos ficado cegos. Segundo por não ter inalado aquela chama com alta caloria, que também poderia ter sido fatal. E isso também não aconteceu”, disse o prefeito.

Prováveis causas

De acordo com Palumbo, a causa mais provável para explicar a explosão da fogueira é de que ela estivesse com combustível para acelerar o processo de combustão quando ocorresse o contato com a tocha.

“Pelas imagens a gente verifica que a condição de evaporação da gasolina ou do álcool, que era para dar uma acelerada no processo de queima, acabou criando uma atmosfera explosiva no entorno”, falou o capitão dos Bombeiros.

Palumbo ainda criticou o processo como foi feito para acender a fogueira num evento preparado para receber 2 mil pessoas.

“E as pessoas estavam quase que dentro dessa atmosfera explosiva. Foi uma tremenda falta de conhecimento colocar o prefeito e a esposa naquela situação”, disse o porta-voz da corporação. “Uma irresponsabilidade fazer aquilo porque pode sim colocar em risco a vida das pessoas.”

Rogério Lins, prefeito de Osasco, se recupera de acidente com fogueira em festa junina — Foto: Divulgação/Prefeitura de Osasco

Cuidados com fogos

O porta-voz dos Bombeiros afirmou que não recomenda que as pessoas acendam fogueiras. Se o forem fazer, deu dicas de segurança.

“Deve ser acendida embaixo com pequenos gravetos e estopa, que possa ter controle . O fogo vai começar a pegar em todo aquele artefato. Não há necessidade de colocar gasolina ou álcool para fazer isso”, explicou Palumbo.

“Quando você coloca uma fogueira, solta fogos, você coloca em risco a vida das pessoas e não há necessidade. Você pode curtir a festa com segurança. E deixe a fogueira de lado”, pediu o capitão.

Perícia e Crea

Polícia Técnico-Científica e o Crea (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia) realizaram nesta segunda uma perícia na fogueira que explodiu e que deixou ao menos cinco feridos.

Os peritos da Polícia Científica e do Crea analisam os restos da fogueira para apurar as causas da explosão, que ainda são desconhecidas.

Quando o resultado dos exames periciais ficarem prontos, eles serão entregues à Polícia Civil, que investiga a eventual responsabilidade pelo acidente que deixou cinco feridos.

O caso foi registrado no 5º Distrito Policial (DP) de Osasco como lesão corporal culposa, na qual não há intenção de ferir, e explosão.

https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2019/07/01/festa-junina-de-osasco-nao-tinha-autorizacao-para-fazer-fogueira-que-atingiu-prefeito-diz-corpo-de-bombeiros.ghtml

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