A frase “se for difícil eu faço, o impossível eu tento” revela a vontade de seguir em frente da professora Cristiana Ferreira do Nascimento, de 38 anos, e de nunca desistir do sonho de ter mais independência e reconquistar a sua liberdade de ir e vir. Isso porque, em 2012, a educadora sofreu um acidente de moto que mudou para sempre a sua vida.
As sequelas do acidente de Cristiana resultaram em várias cirurgias e foi, portanto, necessário que a professora enfrentasse o desafio de amputar a sua perna esquerda, membro que mais sofreu com o impacto de uma colisão de sua moto com um carro que estava na contramão e em alta velocidade. “Fui levada até ao hospital em estado grave, quebrei a perna inteira, do quadril até o pé, além de várias fraturas”, relembra.
A saga da professora pela sua recuperação foi acompanhada de decisões, uma delas foi a de amputar a perna. Segundo ela, a sua escolha contou o apoio essencial de amigos e familiares. “Não fazia diferença para eles a minha possível deficiência, estariam comigo em todo o momento. Isso me mostrou que o amor existe e o amor cura. Eles estão sempre ao meu lado”, lembra emocionada.
Em sala de aula e sonho realizado
Sem sua perna esquerda, porém recuperada e sem dor, a professora de Ensino Fundamental volta a trabalhar e se deparou com novos desafios de adaptação na sua rotina em sala de aula. “Sou professora há 17 anos, tenho experiência, eu precisava voltar a trabalhar. Meus alunos me apoiaram muito. Na sala de aula tento fazer de tudo, gosto de aulas diferenciadas”, conta com orgulho sobre os trabalhos lúdicos que realiza nas aulas como danças e culinária.
A pedagoga relata que o seu grande sonho era conseguir a prótese adequada para sua deficiência, já que perdeu também parte do quadril. Um caso muito específico, que para ela, parecia impossível, porém a Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência de Barueri (SDPD) mobilizou a aquisição da nova prótese.
“Quando eu recebi a ligação da SDPD confirmando que eu ganharia a prótese, fiquei em êxtase”, revela. “Sinto falta de pegar nas mãos dos meus alunos, mas por causa da muleta não consigo. Tenho um aluno autista que segura no avental, é o mais perto que consigo chegar. Com a prótese, será uma das primeiras coisas que farei: pegar nas mãos dos alunos”, afirma.
Cristiana é professora da rede de ensino de Barueri e moradora do Parque Viana. “Quando eu procurei um lugar para morar mais acessível, eu não queria sair de Barueri porque tenho muito orgulho de ser moradora dessa cidade que nunca me deixou desamparada. Agradeço demais pela cidade ter me proporcionado isso”, agradece.
Sobre a prótese
Trata-se de uma tecnologia assistiva com desarticulação de quadril que proporciona mais independência. É composta por vários componentes e um material mais leve.
“A prótese permite vislumbrar novos caminhos como a prática esportiva. Essa tecnologia de ponta traz de volta autoestima e confiança da pessoa com deficiência”, explica a diretora de Departamento de Tecnologia Assistiva da SDPD, Solange Lança, reforçando que o uso da tecnologia é acompanhado por um profissional de fisioterapia para a plena adequação da prótese.