Ministro do STF aponta que ex-presidente desafiou as medidas restritivas ao preparar conteúdos para redes sociais; postagens de Flávio, Carlos, Eduardo e Nikolas Ferreira foram decisivas
A caneta de Alexandre de Moraes pesou mais uma vez sobre Jair Bolsonaro. Na decisão que colocou o ex-presidente em prisão domiciliar nesta segunda (4), o ministro do STF detalhou como Bolsonaro e seus aliados tentaram driblar as restrições impostas em julho, usando postagens nas redes sociais para continuar suas investidas contra a Corte.
Segundo Moraes, Bolsonaro teria orientado e preparado materiais que acabaram sendo publicados nos perfis de seus filhos e de apoiadores políticos. A ordem foi clara: manter a retórica de enfrentamento ao STF e apoiar sanções internacionais contra o Brasil, mesmo com as medidas cautelares em vigor.
Entre os episódios citados, Moraes destacou:
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O telefonema de Bolsonaro a Flávio Bolsonaro, publicado no Instagram, falando diretamente com manifestantes em Copacabana.
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Postagem de Flávio agradecendo aos Estados Unidos, interpretada como apoio às sanções contra o Brasil.
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Mensagem de Carlos Bolsonaro no X (Twitter) impulsionando o perfil do pai, apesar da proibição de uso das redes sociais.
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Vídeo de Eduardo Bolsonaro no YouTube, criticando ministros do STF.
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Chamada de vídeo entre Nikolas Ferreira e Bolsonaro, transmitida para apoiadores na Paulista.
“O ex-presidente reiterou condutas ilícitas de maneira mais grave e acintosa, em claro desrespeito às medidas cautelares”, escreveu Moraes. O ministro apontou uma estratégia de “participação dissimulada”, com Bolsonaro atuando nos bastidores para coordenar ataques ao STF e tentar obstruir a Justiça.
Além da prisão domiciliar, Moraes determinou a apreensão de celulares e proibiu visitas a Bolsonaro, numa tentativa de cortar os canais de articulação política digital.
O cenário jurídico do ex-presidente se complica, e a guerra de narrativas nas redes sociais, que parecia ser um trunfo, virou uma peça-chave para sua restrição.
Fonte: G1