Com base em ações centradas nos quatro eixos da assistência – convivência social e intergeracional, envelhecimento ativo e saudável, autonomia e protagonismo –, o Centro de Atenção à Terceira Idade (CATI), da Prefeitura de Osasco, por meio da Secretaria de Assistência Social, tem contribuído para reinserir centenas de idosos ao convívio social.
Os próprios frequentadores atestam a importância do serviço, visto que muitos deles já estão aposentados ou viúvos e veem no espaço uma forma de ocupar a mente, exercitar o corpo e assim fugir de um dos males que mais acometem a “melhor idade”, a depressão.
É o caso de Aparecida Terezinha Souza Ribon, 78 anos, moradora do Jardim Santo Antônio. Ela frequenta o CATI há 20 anos. “Comecei a vir alguns meses depois que meu marido faleceu. Eu me sentia muito sozinha, isolada. Assim que soube desse espaço e passei a frequentá-lo, minha vida mudou. Agora é só alegria. Só fico chateada quando não dá para vir nas férias (janeiro e junho)”, disse a aposentada, que faz aulas de bordado.
Iranete Rodrigues da Silva Rudocas, 71, do Conjunto dos Metalúrgicos, participa das atividades há oito anos e conta que já fez diversos cursos para manter a mente ativa. “Ficar em casa não é uma boa. A gente fica para baixo, deprimida. Faço bordado, mas já fiz hidroginástica, yoga e curso de memória. Para nós, idosos, é a melhor coisa a se fazer. Aqui fiz várias amizades e viajei várias vezes com o grupo”.
Segundo a psicóloga do CATI, Rita de Cássia Silva Barbeta, mestre em gerontologia social e que atua na área de pesquisa de políticas públicas para o idoso, é fundamental que em todas as etapas da vida a pessoa procure dar “sentido à vida”.
“O convívio social é essencial para minimizar alguns quadros como a ansiedade e a depressão. O papel da família é fundamental nesse estímulo ao idoso, para que ele mantenha sua autonomia. Mas a escolha, a iniciativa de frequentar o CATI tem de partir do próprio idoso, para que ele se sinta motivado a participar das atividades”, destaca Rita de Cássia.
Ainda de acordo com a psicóloga, com o envelhecimento da população no país, é imprescindível que cada vez mais os profissionais que atuam na atenção ao idoso também tenham a noção exata do papel que estão desempenhando. “É preciso ter em mente que hoje temos uma população cada vez maior de idosos, e de gerações diferentes. Então, entender a necessidade desse idoso é essencial, para prestamos o atendimento adequado, de acordo com o contexto social de cada indivíduo”.
Inovação
E foi justamente analisando a realidade de quem frequenta o espaço que o CATI passou a desenvolver há dois anos um projeto que visa auxiliar o idoso que cuida de outro idoso. “Temos um grupo com sete pessoas, todas idosas, que frequentam o CATI e que cuidam de outros idosos, seja marido, esposa ou pais. Sabemos que não é fácil, mexe muito com o emocional. Então, fazemos sessões individuais, nas quais ouvimos o que elas têm a dizer, para que relatem o que estão vivenciando e aliviem este momento de angústia. Nós trabalhamos o lado psicológico dessa pessoa, para ela lidar com a situação sem se sobrecarregar. A cooperação da família é fundamental. Precisa sentar, conversar e assumir a responsabilidade de ajudar a cuidar”, aponta Rita de Cássia. “Conforme o caso, a gente aconselha a pessoa (que cuida do idoso) a procurar atendimento psicoterápico”, completa.
O CATI conta com cerca de 1.500 inscritos, atende pessoas com mais de 60 anos que moram na cidade, e oferece cursos de ginástica, capoterapia, dança de salão, alfabetização, violão, hidroginástica, dança sênior, máster dance, coral, yoga, pilates e trabalhos manuais, como crochê, pintura em tecido e bordado.
Além das aulas, os inscritos podem participar dos bailes que acontecem às segundas e quartas-feiras, a partir das 14h, e dos dois passeios anuais que o espaço promove para locais como praia ou fazenda.
Quem participa dos cursos recebe café da manhã ou da tarde, dependendo do período em que estiver em aula. O local conta com um espaço de convivência, para jogos de cartas ou dominó, o que facilita a interação social.
A cada dois meses os aniversariantes do bimestre ganham festa com direito a bolo. Nas datas comemorativas, como Dia das Mães e dos Pais, mês junino e Natal, também há comemoração especial.
Idosos no Brasil
Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2016 apontam que em 40 anos a população idosa vai triplicar no país e passará de 19,6 milhões (10% da população), em 2010, para 66,5 milhões de pessoas, em 2050 (29,3%).
A mudança no perfil da população acontecerá em 2030, quando o número absoluto e o porcentual de brasileiros com 60 anos ou mais de idade vão ultrapassar o de crianças de 0 a 14 anos. Ou seja, daqui a 12 anos, os idosos chegarão a 41,5 milhões (18% da população) e as crianças serão 39,2 milhões (17,6%).
Serviço
Os interessados em participar dos cursos (todos gratuitos) precisam se inscrever e levar xerox do RG e do CPF, comprovante de endereço e atestado médico. O agendamento deve ser feito pelo telefone 2183-6736. A convocação para o curso é feita de acordo com o surgimento de vagas. As aulas acontecem todos os dias, das 9 às 16h. O CATI fica na Rua da Saudade, 180, Vila Osasco.
