Demonstração de sofrimento intenso, isolamento social, ausência de esperança: esses sintomas, possíveis indícios de uma crise suicida, estão sendo mais observados e cuidados por pediatras, ginecologistas e clínicos da rede municipal de saúde. Esta semana, cerca de 120 profissionais dessas especialidades, que integram a atenção básica, passaram por uma capacitação especialmente voltada ao manejo da crise suicida. Foram duas turmas – na manhã de terça (24) e na tarde desta quinta (26) na Escola de Gestão Pública de Jundiaí (EGP), que assistiram a palestras com psiquiatras do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS).
Embora o município já conte com uma rede para diagnóstico e atendimento a distúrbios de saúde mental – incluindo o Núcleo de Apoio à Saúde (NASF) e as unidades do CAPS – muitas vezes é no atendimento à saúde básica que esses sintomas são identificados. Fernanda Fumagalli Bifani, clínica geral da UBS Esplanada, participou da capacitação nesta quinta e confirmou uma sensação crescente na sociedade: há mais pessoas demonstrando sofrimento psicológico. “Essas informações são necessárias, porque atendemos cada vez mais pessoas com esses sintomas”, afirma.
A capacitação foi promovida pela Coordenação de Saúde Mental e Assessorias Técnicas – Saúde do Adulto, da Mulher e da Criança – e os palestrantes foram dois médicos psiquiatras da Rede de Atenção Psicossocial: Lucas Gabriel Maltoni Romano, do CAPS 3, e Cláudio Marins da Rocha Borges, do CAPS 2. “O atendimento de saúde básica é a porta de entrada do sistema, e o objetivo é fornecer subsídios para que os médicos possam auxiliar esses pacientes, inclusive encaminhando-os para serviços especializados se necessário”, explica Cláudio.
Em Jundiaí, entre 2012 e 2018, houve uma média de 20 casos de suicídio por ano. Em 2019, só até julho, foram 19 mortes. Segundo o coordenador de Saúde Mental da Unidade de Gestão de Promoção da Saúde (UGPS), Alexandre Moreno Sandri, a capacitação desta semana faz parte da programação da área para este ano, que incluirá a abordagem de transtornos de humor em outubro e ansiedade em novembro. “É perceptível um aumento do número de pacientes com sofrimento psíquico, e precisamos estar preparados para prestar atendimento adequado”, diz.